A Baía de Guanabara é uma das mais importantes referências naturais e culturais do Brasil. A beleza da sua paisagem e a sua natureza exuberante foram repetidamente ressaltadas por viajantes, pintores, poetas, estudiosos e por tantos anônimos admiradores.
Diante da perda secular de áreas de manguezal, exploradas sob os mais variados aspectos, a baía atualmente agoniza, vítima da poluição dos esgotos domiciliares e industriais, além dos derrames de óleo proveniente de lastro de navios e estaleiros e da crescente presença de metais pesados em suas águas. Apesar de parecer impossível a existência de qualquer tipo de vida nesse ecossistema, uma nova pesquisa mostra que na Baía de Guanabara habita uma grande biodiversidade.
O estudo feito pela Petrobrás em parceria com universidades e outras empresas, descobriu que a vida na Baía de Guanabara se torna sustentável devido ao intercâmbio que há entre ela e o mar, onde a cada 11 dias tem metade de sua água trocada. Todos os dias a água nova entra pela força das marés, por baixo, e a corrente que já estava lá é expulsa por cima.
Esse movimento das águas torna a Baía de Guanabara um berçário natural onde a maioria das espécies concentra-se logo na abertura do golfo, até a altura de Paquetá. Trata-se da região mais funda – chega aos 55 metros de profundidade – e mais influenciada pelas correntes oceânicas. Conservadora de uma biodiversidade exuberante, a Baía de Guanabara apresenta muitas espécies como o boto, a raia e o linguado e algumas delas só saem de lá na fase adulta.
O fundo da baía tem seus habitantes mais concentrados na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim. A região, ao nordeste da baía, conserva formações originais de mangue. Esta vegetação repleta de raízes serve de proteção para peixes e siris jovens, entre outros animais, impedindo que se tornem alvos fáceis.
Embora concentre um dos maiores distritos industriais do país, na Região Hidrográfica da Baía de Guanabara, o maior problema ambiental são os mais de 9,3 milhões de habitantes, que geram uma grande quantidade de resíduo doméstico. A Baía chegou a ter uma grande capacidade de auto-depuração que a manteve relativamente limpa até meados do século passado, mas essa possibilidade foi esgotada pela enorme concentração de matéria orgânica.
Somados à falta de planejamento urbano, essas sobras se tornam ainda mais perigosas, pois passam a conter substâncias tóxicas, como detergentes e pesticidas, que são despejados diretamente na Baía de Guanabara. Ter um sistema de tratamento para esse tipo de resíduo é impraticável, mesmo para países desenvolvidos, dado o alto nível de mistura das substâncias .
Outro agravante é a falta de legislação rigorosa quanto a concentração de poluentes na baía, que em suas determinações não apresenta um meio de preservação das plantas e dos animais. Necessário seria o estabelecimento de metas de despoluição mais ambiciosas que incluam a população que vive em torno da Baía de Guanabara através de projetos de informação e educação ambiental.
Fonte: Sustentabilidade por Isabela Carvalho
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